Memórias de uma Gueixa / Memoirs of a Geisha (EUA, 2005)

Desperdício de técnicos competentes: belíssima trilha sonora de John Williams, fotografia perfeita, figurinos bacanas. Memórias de uma Gueixa, dirigido pelo mesmo Rob Marshall de Chicago, adapta o livro homônimo de Arthur Golden, que já fora cobiçado até por Spielberg. Talvez ele tenha saltado fora depois de ler o roteiro e ficou apenas com a cadeira de produtor, o que revela grande sensatez.

O filme desrespeita tanto japoneses quanto chineses (e nos chama, ocidentais, de estúpidos) ao escalar atrizes chinesas para fazer os papéis principais de gueixas em Kyoto. Nem o fato de terem chamado as duas mais belas atrizes orientais do cinema atual serve como desculpa: Gong Li (de 2046) e Zhang Ziyi (O Tigre e o Dragão). O talentoso Kan Watanabe (O Último Samurai, Cartas de Iwo Jima) pouco pode fazer para salvar um roteiro desastrado, no papel de um “presidente” que é o alvo da afeição da menina-pobre-que-vira-gueixa de Ziyi.

Sayuri é a gueixa apaixonada que não deixará o objetividade de sua profissão ofuscar o sentimento que nutre pelo homem que a ajudou delicadamente na infância. Se você achou esta última frase brega, é porque ela foi escrita ao estilo dos diálogos do filme; em determinado momento, guardandor a foto de seu amado em um bauzinho, Sayuri suspira que “trancaria seu coração ali dentro também”. Wando transformaria isso numa canção, com direito a calcinhas e suspiros, direta para a trilha sonora de uma telenovela. Aliás, é nisso que Memórias de uma Gueixa se transmuta: um novelão com direito à vilã muito cruel e redenção final por meio do amor.

Chega a ser constrangedor ter que apreciar um filme de apuro técnico tão elevado e cenas de uma beleza estonteante embalando uma historinha rasa como um pires marinex. Com tantos adornos, Marshall acredita piamente entregar um biscoito finíssimo ao espectador, que acaba se contentando com um pastel de vento.

Cotação: **

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